Poder absoluto de Donald Trump nos EUA preocupa a imprensa francesa
A imprensa francesa continua a repercutir o retorno de Donald Trump à Casa Branca. Em análises extensas, os jornais Le Figaro e Les Echos avaliam o que o republicano pode fazer nos planos interno e externo. Uma conclusão é compartilhada por todos os analistas entrevistados: o republicano terá um poder sem precedentes em seu segundo mandato, a partir de 20 de janeiro.
Donald Trump terá um controle inédito sobre os poderes moderadores da democracia nos Estados Unidos, diz o Le Figaro. Com a conquista da maioria republicana no Senado, provavelmente na Câmara dos Representantes e o apoio dos juízes conservadores na Suprema Corte, a independência do Congresso e do Judiciário está totalmente comprometida nos EUA.
"Trump mostrou que o impeachment, a arma absoluta que a Constituição dá ao poder legislativo, foi ineficaz", observa o jornal francês. O judiciário também foi subjugado e ele poderá fazer nomeações de juízes leais nos estados, acrescenta o Le Figaro.
"A Constituição, pilar e estrutura da democracia americana, revelou-se como é: um pedaço de papel, cujo valor só existe de acordo com a interpretação que dele fazemos. Mas Trump também mostrou que as suas regras podem ser distorcidas e interpretadas como ele desejar, como a Corte Suprema demonstrou ao lhe conceder imunidade presidencial quase total", ressalta o Le Figaro. "A demissão de funcionários de alto escalão nas administrações, identificados como opositores ou demasiado independentes, deverá dominar o segundo mandato."
"O quarto poder, o dos meios de comunicação, nunca previsto na Constituição americana, mas que foi capaz de derrubar ou dificultar a ação de um presidente, tanto na época do escândalo de Watergate sob Nixon ou sob Reagan, também foi derrotado pelo trumpismo. A etapa final, a tomada total do poder executivo e, portanto, da máquina administrativa federal, apenas começou", enfatiza o diário.
A pergunta provocativa está na home do site do jornal Les Echos. Baseado na avaliação de especialistas, o diário afirma que Trump é considerado "um ativo" informal no jargão dos serviços de inteligência anglo-saxônicos, um "contato confidencial", na linguagem utilizada na Rússia.
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