Paleontólogos descobrem criatura aquática demoníaca que parece vir diretamente de Chainsaw Man
Paleontólogos descobriram a existência de um predador marinho extinto cujo rosto de pesadelo e dentes em forma de adaga lembram o protagonista titular da série de mangá Chainsaw Man, de Tatsuki Fujimoto.
Fragmentos do crânio de um metro de comprimento em que se baseou o novo estudo foram escavados em uma mina de fosfato localizada a sudeste de Casablanca, no Marrocos. Análises subsequentes revelaram que os fragmentos pertenciam a uma espécie inteiramente nova de um poderoso predador marinho que caçava os oceanos da Terra há cerca de 66 milhões de anos, numa época em que os dinossauros ainda dominavam a terra.
O monstro de oito metros de comprimento – apelidado de Khinjaria Acuta – já ostentava uma boca cheia de dentes semelhantes a adagas que aparentemente evoluíram para perfurar suas presas e mantê-las no lugar enquanto as poderosas mandíbulas do predador trabalhavam. Nick Longrich, autor principal do novo estudo publicado na revista Cretaceous Research, observou em seu blog pessoal que os ferozes dentes entrelaçados e o crânio achatado do predador marinho o fizeram pensar em um protagonista de anime/mangá igualmente aterrorizante.
“É muito estranho; um animal cruel e de aparência apavorante”, disse o Dr. Longrich, professor sênior do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Bath. “Olhando para o crânio e os dentes, não consigo deixar de pensar na série Chainsaw Man. Este mosasasur é positivamente demoníaco. Na verdade, tive uma ideia para um nome de gênero que fizesse alusão a essa aparência de outro mundo.”
Longrich inicialmente procurou dar ao lagarto monstruoso o nome de Shaytania Pandaemonium, que ele derivou da palavra árabe para diabo, ‘shaytan’, devido em parte ao “sorriso perverso” da criatura e ao rosto de aparência maligna. Infelizmente, os outros autores do artigo decidiram que o apelido proposto era um pouco pesado demais para o seu gosto. Em vez disso, a equipe optou por nomear o antigo predador Khinjaria Acuta, em referência à palavra árabe para punhal, 'khinjar', e à palavra latina para afiado, 'acuta'.
De acordo com os paleontólogos, o formato alongado do crânio de Khinjaria Acuta, a musculatura de suporte e as mandíbulas curtas e robustas teriam dado ao predador uma mordida poderosa que lhe teria permitido abater presas grandes, incluindo mosassauros juvenis e tubarões. No entanto, o Dr. Longrich observa em seu blog que o formato dos dentes do monstro, que é semelhante ao de um tubarão-mako moderno, indica que ele provavelmente teria sobrevivido principalmente de peixes grandes.
Descobriu-se também que Khinjaria Acuta tinha olhos relativamente pequenos para um predador de seu tamanho, o que sugere que ele evoluiu para caçar confiando principalmente em outros sentidos além da visão, por exemplo, usando sua língua semelhante a uma cobra para provar a presença de presas nas águas circundantes.
No geral, a nova descoberta destaca uma grande diferença entre os antigos oceanos que existiam no final do período Cretáceo Superior, que abrigavam um elenco diversificado de predadores gigantes, e os ambientes aquáticos modernos, que são dominados por relativamente poucos grandes ápices carnívoros.
“Temos várias espécies que crescem mais do que um grande tubarão branco e são predadores de topo, mas todos têm dentes diferentes, o que sugere que caçam de maneiras diferentes”, disse o Dr. Longrich. “Alguns mosassauros tinham dentes para perfurar as presas, outros para cortar, rasgar ou esmagar. Agora temos Khinjaria, com um rosto curto cheio de enormes dentes em forma de adaga. Esta é uma das faunas marinhas mais diversas vistas em qualquer lugar, em qualquer época da história, e existia pouco antes da extinção dos répteis marinhos e dos dinossauros.”
O Khinjaria Acuta é apenas um dos muitos carnívoros terríveis que dominaram os oceanos da Terra em um passado distante.
*Texto traduzido por Vitor Augusto Conceição
Créditos da imagem: Nick Longrich