“Armita Garawand, uma estudante residente em Teerã, morreu após tratamento médico intensivo e 28 dias de hospitalização na UTI”, anunciou a agência Borna, ligada ao Ministério da Juventude e dos Esportes do Irã neste sábado.
Com 17 anos e originária de uma região curda, a adolescente estava sendo tratada no hospital Fajr, em Teerã, desde 1º de outubro, após desmaiar no metrô da capital. Ela teve “morte cerebral” declarada há uma semana.
As circunstâncias que levaram a jovem ao estado de coma são controversas. Um vídeo dos serviços de vigilância do metrô, amplamente compartilhado nas redes sociais, mostra Armita, que não usava véu, sendo retirada de um vagão após desmaiar.
As autoridades afirmam que a adolescente foi vítima de um “colapso” e negam qualquer “altercação verbal ou física” entre ela “e passageiros ou empregados do metrô”.
No sábado, a agência Tasnim citou o “parecer oficial dos médicos”, segundo o qual a menina teria “sofrido uma queda que provocou lesões cerebrais, seguidas de convulsões contínuas, diminuição da oxigenação do cérebro e edema cerebral, após uma queda súbita da pressão arterial”.
Mas, segundo a ONG, a estudante do ensino médio ficou gravemente ferida durante um “ataque” por parte de membros da polícia moral, responsável por fazer cumprir a obrigação das mulheres iranianas de usarem o véu em público.
O diário reformista Ham Mihan pediu às autoridades para "permitirem que os meios de comunicação independentes investiguem" este caso, a fim de "convencer a opinião pública".
O deputado iraniano Ahmad Alirezabeigui disse na quarta-feira (25) que o Parlamento "deve intervir" e "questionar o ministro do Interior" sobre o incidente, classificando o assunto de "importante".
Por sua vez, o ministro do Interior, Ahmad Vahidi, disse em 8 de outubro que as autoridades “investigaram o incidente” e que “a situação estava completamente clara”. “Os inimigos não querem que o país fique calmo e tentam sempre fazer de cada incidente uma polêmica”, afirmou.
O caso aconteceu pouco mais de um ano após a morte sob custódia, em 16 de setembro de 2022, de Mahsa Amini, uma jovem curda iraniana de 22 anos, presa pela polícia moral por não usar de maneira correta o véu. A morte desencadeou um vasto movimento de protesto no país que deixou várias centenas de mortos, incluindo policiais, e levou à detenção de milhares de pessoas.