nós temos guerra. O Rio de Janeiro refém das milícias
O Rio está deixando de ser a cidade Maravilhosa para se tornar a cidade Nebulosa
Notícias do Brasil 247
Rio de Janeiro, Vidigal, Leblon (Foto: Bruna Prado/ MTUR)
Quem mora no Rio de Janeiro, sempre tem a ideia das suas faixas de Gaza, as nossas Mariupol, o que fazer em caso de tiroteio ou até que comportamento ter quando entrar por engano de carro em uma área de risco. Tal qual a ineficiência da ONU por uma resolução para parar a guerra entre Hamas e Israel, temos décadas de políticos sem nenhuma política pública eficaz de segurança no Estado. Temos sim, sempre uma retaliação imediata e violenta a incursões de bandidos fora do normal. Mas nunca, um trabalho para proteger a população mais carente e eliminar o crime de se tornar um terceiro poder.
Temos uma urgência. O incêndio em 35 ônibus na Zona Oeste revelou tanto a fragilidade do Governo do Estado e o aumento da audácia dos criminosos. Seria uma declaração de guerra? A tensão migrando em vários territórios do Rio de Janeiro demonstrando raiva das milícias com a morte do seu número dois parece às mesmas cenas de quando se matava alguém importante no comando do Estado Islâmico. Coincidentemente, as áreas de controle de milícias, são as únicas no Brasil em que a polícia civil e militar não conseguem entrar.
A topografia não é uma justificativa. Historicamente, traficantes tiveram um momento de organização. Uma organização paramilitar com apoio das comunidades. Havia ajuda dos bandidos, onde não existe ajuda do Estado até os dias de hoje. A conivência da população era fechamento. Hoje, com a entrada das milícias, competindo com bandidos, não existe essa ajuda. A milícia obriga os moradores a utilizarem serviços que eles oferecem. Nesse caso, existe o medo. Tornaram-se mais perigosos que os bandidos. E com o conhecimento de táticas de confronto, brigam com traficantes por territórios. Tal qual Israel e palestina.
Desde os anos setenta, as práticas dos donos de Jogo do Bicho, que entenderam que seus domínios por áreas estavam não só pelos vícios, mas pelo medo, iniciaram essa ideologia através de verdadeiras organizações policiais ilegais. Cada bicheiro tinha sua organização particular. Tais quais as famílias mafiosas na Itália. Quando esses personagens caricatos começaram a sumir do cenário popular carioca, enfraquecendo suas famílias, as milícias começaram a aparecer através da violência.
De um cenário de folclore para alguns a um cenário de guerra, foram poucas décadas. Bandidos pegos ateando fogo em alguns ônibus, hoje estão enquadrados como terroristas. As áreas de domínio da milícia contemplam desde Santa Cruz a barra da Tijuca, onde não existe o poder público efetivo nas ruas. Área onde dias atrás assassinaram médicos por engano, achando que era um miliciano e foram condenados pelo tribunal do crime. Quando você sai da Zona Oeste e vai para zona sul, percebe uma grande diferença, com presença de Guardas Municipais e muita PM circulando.
O clima ainda é muita tensão, o comércio está fechando mais cedo, sem saber sobre o que será feito através do poder público. Não existe o interesse em criar infraestruturas básicas, transporte público e até de lazer para áreas de conflito. O Rio de Janeiro está sitiado e a milícia está colocando suas cartadas para mostrar que são donos dessas áreas. O envolvimento dos mais de 40 milicianos, são resguardadas por militares da ativa que fornecem armas, políticos ligados aos interesses dos serviços oferecidos ajudam a encobrir e ajudar no monitoramento de ações prejudiciais e assim como incentivo moral do ex-presidente Bolsonaro.
Tais quais os conflitos, a escalada sem precedentes vai continuar por meses. Cada dia será um sofrimento para uma população já sofrida. E o Rio está deixando de ser a cidade Maravilhosa para se tornar a cidade Nebulosa. A cidade penosa. Etc...etc.