A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que "milhares de pacientes" estarão em risco se as reservas de combustível - que, entre outras coisas, abastecem geradores de energia elétrica - acabarem em todos os hospitais de Gaza nas próximas horas.
Quase metade dos feridos que chegam aos hospitais em Gaza são crianças, algumas das quais são os únicos sobreviventes das suas famílias, disse um médico ao programa Today da BBC.
Ghassan Abu-Sittah, um cirurgião que normalmente trabalha no Reino Unido, chegou a Gaza na segunda-feira passada (9/10) e permaneceu na região norte, trabalhando num hospital local.
No domingo, ele disse que duas meninas, de quatro e cinco anos, foram trazidas com queimaduras e ferimentos na cabeça.
"Elas foram as únicas retirados da casa da família como sobreviventes. Todos os dias temos casos como estes”, disse Abu-Sittah, explicando que a maioria das pessoas permanece na zona de evacuação.
"Tornar-se refugiados é uma parte tão importante da identidade dos palestinos que as pessoas simplesmente não querem passar por isso novamente", disse ele, acrescentando que áreas consideradas seguras foram bombardeadas com a mesma ferocidade que outras.
Os recursos escassos estão se esgotando rapidamente em Khan Younis, relata o repórter da BBC Rushdi Abu Alouf direto da cidade que recebe milhares de palestinos em fuga da região norte da Faixa de Gaza.
"Khan Younis é uma cidade que já estava exausta. A onda [de refugiados] veio muito forte e as coisas estão começando a colapsar", escreve Alouf.
O principal hospital da cidade, já com poucos itens essenciais, não só acolhe doentes e feridos do norte, como tornou-se um local de refúgio, relata o correspondente.
Refugiados apinham-se nos corredores, enquanto os médicos cuidam dos recém-chegados feridos pelas bombas israelenses. O barulho das muitas vozes falando ao mesmo tempo enche o ar.
"Não se pode culpar as pessoas por virem para cá. Os hospitais estão entre os locais mais seguros para se estar em tempos de guerra, protegidos pelo direito internacional", reflete o repórter.
"De certa forma, essas pessoas talvez sejam as sortudas, pelo menos por enquanto."
Os médicos não têm quase nada para dar ao fluxo de novas vítimas – a água é racionada a 300 ml por dia por paciente. Os refugiados não recebem nada.