Assim que o Hamas lançou um ataque surpresa no território israelense no sábado (7/10), que resultou na morte de mais de 900 pessoas, o governo do país declarou estado de guerra e deixou centenas de milhares de reservistas de prontidão.
Mas o contra-ataque de Israel, que causou mais de 700 mortes na Faixa de Gaza, ocorreu por meio de ataques aéreos e o lançamento de mísseis.
Autoridades israelenses admitiram que uma operação por terra em Gaza poderá ser realizada nos próximos dias.
Mas, para Frank Gardner, correspondente de Segurança da BBC News, uma incursão terrestre pelo território palestino não será uma "bala de prata".
"Há uma suposição em alguns setores de que a ameaça do Hamas a Israel pode de alguma forma ser eliminada de uma vez por todas com uma invasão em grande escala", escreve ele.
"A história sugere, porém, que é improvável que esta seja a solução mágica esperada por alguns", pondera.
Gardner lembra que, quando Israel invadiu Gaza em 2014, mais de 2 mil palestinos foram mortos.
"Cada funeral criou uma geração de jovens cada vez mais radicalizados."
E, desde então, o Hamas continuou a disparar foguetes através da fronteira, lembra o correspondente.
A presença de mais de uma centena de reféns, civis e militares, que são mantidos por integrantes do Hamas, é outro fator que complica uma operação terrestre em Gaza.
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Gardner estima que o braço armado do Hamas conta com cerca de 30 mil combatentes, "a maioria deles fanáticos na determinação de defender o território palestino".
E eles têm uma vantagem estratégica: o conhecimento profundo sobre túneis, porões, bunkers e ruelas na Faixa de Gaza.
Vale lembrar que esse território palestino é densamente populado — são mais de 2 milhões de habitantes em 365 km², uma área pouco maior que o município de Belo Horizonte (MG).